sexta-feira, 2 de maio de 2008

maiakowski

TU



Entraste.

A sério, olhaste

a estatura,

o bramido

e simplesmente adivinhaste:

uma criança.

Tomaste,

arrancaste-me o coração

e simplesmente foste com ele jogar

como uma menina com sua bola.

E todas,

como se vissem um milagre,

senhoras e senhorias exclamaram:

- A esse amá-lo?

Se se atira em cima,

derruba a gente!

Ela, com certeza, é domadora!

Por certo, saiu duma jaula!

E eu júbilo

esqueci o julgo.

Louco de alegria

saltava

como em casamento de índio,

tão leve, tão bem me sentia.





DEDUÇÃO



Não acabarão com o amor,

nem as rusgas,

nem a distância.

Está provado,

pensado,

verificado.

Aqui levanto solene

minha estrofe de mil dedos

e faço o juramento:

Amo

firme,

fiel

e verdadeiramente.




O Amor



Um dia, quem sabe,

ela, que também gostava de bichos,

apareça

numa alameda do zoo,

sorridente,

tal como agora está

no retrato sobre a mesa,.

Ela é tão bela,

que, por certo, hão de ressuscitá-la.

Vosso Trigésimo Século

ultrapassará o exame

de mil nadas,

que dilaceravam o coração.

Então,

de todo amor não terminado

seremos pagos

em enumeráveis noites de estrelas.

Ressuscita-me,

nem que seja só porque te esperava

como um poeta,

repelindo o absurdo quotidiano!

Ressuscita-me,

nem que seja só por isso!

Ressuscita-me!

Quero viver até o fim o que me cabe!

Para que o amor não seja mais escravo

de casamentos,

concupiscência,

salários.

Para que, maldizendo os leitos,

saltando dos coxins,

o amor se vá pelo universo inteiro.

Para que o dia,

que o sofrimento degrada,

não vos seja chorado, mendigado.

E que, ao primeiro apelo:

- Camaradas!

Atenta se volte a terra inteira.

Para viver

livre dos nichos das casa.

Para que

doravante

a família

seja

o pai,

pelo menos o Universo;

a mãe,

pelo menos a Terra.

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