domingo, 23 de dezembro de 2007

Óbvio
Poema da buceta cabeluda - Bráulio Tavares

A buceta da minha amada
tem pêlos barrocos, lúdicos, profanos.
É faminta como o polígono-das-secas e
cheia de ritmos como o recôncavo-baiano.

A buceta da minha amada
é cabeluda como um tapete persa.
É um buraco-negro bem no meio
do púbis do Universo.

A buceta da minha amada é cabeluda,
misteriosa, sonâmbula.
É bela como uma letra grega:
é o alfa-e-ômega dos meus segredos,
é um delta ardente sob os meus dedos
e na minha língua é lambda.

A buceta da minha amada é um tesouro
é o Tosão de Ouro é um tesão.
É cabeluda, e cabe, linda,
em minha mão.

A buceta da minha amada
me aperta dentro,
de um tal jeito
que quase me morde;
e só não é mais cabeluda
do que as coisas
que ela geme quando a gente fode.