segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Livro de Visitas

Depois de morto,
quero morrer mais devagar.

O fogo se encurva,
um pai fingindo dormir ao filho.

O riacho é um cavalo líquido,
a pedra é um cavalo preso.
As borboletas são flores com abelhas dentro.
Liberdade é apenas mudar a forma.
o que não diminui a solidão
do nascimento.

Eu me consumi
antes de ter nascido
Não ter mistérios
é o maior deles.

Falsificava a assinatura
nas ocorrências escolares.
Sou incapaz de dizer uma verdade
sem desconficar dela
Meus ouvidos nasceram ajoelhados.
Mal leio os jornais de manhã.
Fui me desinformando por completo.
Eliminando a noção das enchentes, das calamidades,
dos crime, o que me alojava no mundo.

Não tenho nada pra conversar
que não seja escrito.
Prefiro comer em silêncio,
como se tivesse pescando.

As pombas arrulham e não me dão paz.
Fracasso para poder contar aos filhos.
Pouco resta da minha intuição.
Aqui estou, como tu, cavando
uma posição para não morrer a toa.
Não há regresso possível sem que alguém fique.

Toco o sexo. toco, movido pelo tédio,
espernando uma explosão áspera
o dobrar da seiva, toco, conferindo se respirando.

Quem não chegou a uma estação tarde de si
a pressentir que o último ônibus passou?

Sou muito dividido
para me reunir no domingo
em família

O sedutor é indiferente
Não eu, não consigo me livrar
do ímpeto de permanecer,
de me desculpar mesmo
quando não errei.

Não é nenhuma vantagem
conhecer teus hábitos.
O que é visível já não é meu..

Poderíamos conviver mudos.
enlaçando as gaiolas somente
em dias cheios de brisa

o corpo não pede licença pra envelhecer.
São pequenas dores
que nunca se completam.

As cicatrizes desaparecem na pele enrugada.
Decoro o caminho da ferida.
senão a perco.

Quem vive muito vai parecer pouco.
Quem vive pouco vai parecer muito.

Carpinejar

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